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DAR À LUZ É UM MOMENTO TRANSFORMADOR E PROFUNDAMENTE SIGNIFICATIVO!

Atualmente, as diretrizes de assistência a esse evento são orientadas pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que incentivam os profissionais a priorizar a humanização do parto. Esse conceito se refere ao respeito à mulher como pessoa única, em uma fase da vida em que ela necessita de atenção, cuidado e empatia. É, também, um respeito à família em formação e ao bebê, que tem direito a um nascimento saudável e harmonioso.

Humanizar é:

• Acreditar que o parto normal é um processo fisiológico que, na maioria das vezes, não requer intervenções desnecessárias;
• Reconhecer que a mulher é plenamente capaz de conduzir o processo e que ela deve ser a protagonista desse momento;
• Informar, dialogar e obter o consentimento da mulher antes de qualquer procedimento, garantindo seu direito de decisão;
• Assegurar a presença contínua de um acompanhante escolhido pela mulher, transmitindo-lhe segurança e tranquilidade;
• Criar um ambiente acolhedor e confortável para o parto;
• Respeitar a individualidade de cada mulher, levando em consideração seus medos, expectativas e necessidades pessoais;
• Oferecer as melhores condições e recursos disponíveis para que a mulher se sinta amparada e confiante durante todo o processo;
• Prestar assistência ao parto e nascimento com base nas melhores evidências científicas, seguindo as Normas Técnicas e as recomendações do Ministério da Saúde;
• Promover o contato imediato entre mãe e bebê após o nascimento e garantir que eles permaneçam juntos durante toda a internação.
• Vale ressaltar que o direito ao parto humanizado está assegurado pela Constituição Federal do Brasil, que consagra a dignidade da pessoa humana como um de seus pilares fundamentais. Dentre os direitos humanos, destacam-se o direito à saúde, à maternidade segura e à proteção contra a violência. Esse direito também é garantido internacionalmente pela OMS, que emite diretrizes baseadas em boas práticas e alerta sobre os riscos de intervenções desnecessárias, que podem comprometer a saúde da mãe e do bebê.

Esse processo de humanização pode começar ainda no pré-natal, passando pelo parto e se estendendo ao pós-parto. No parto humanizado, a mulher tem controle sobre decisões importantes, como a posição em que prefere dar à luz, o local do parto, o uso ou não de anestesia, e até detalhes como a iluminação do ambiente.

Esse modelo de assistência resgata a fisiologia natural do parto, em conjunto com conhecimentos científicos atualizados. Ele propõe uma nova forma de vivenciar o nascimento, sem pressa para acelerar o processo. A espera é paciente, respeitando o tempo do corpo da mulher e o ritmo do bebê, que faz movimentos naturais para se posicionar e progredir no canal de parto. Durante esse período, são oferecidas opções para aliviar a dor das contrações. Esse é um momento que requer o apoio e a colaboração de todos, garantindo que a parturiente se sinta fortalecida e preparada para enfrentar essa experiência da melhor maneira possível.

Desde o início do pré-natal, é essencial que a gestante esclareça todas as suas dúvidas sobre o parto junto à equipe de saúde. Esse suporte, tanto emocional quanto informativo, desempenha um papel importante ao reduzir sensações de cansaço, medo e ansiedade, que são comuns nas últimas etapas da gestação.

Plano de Parto

O trabalho de parto: fases e etapas

Compreender as fases do trabalho de parto é essencial para que a parturiente se sinta no controle e colabore com a equipe de saúde. O processo é dividido em três fases principais: dilatação, que inclui as etapas de latência, fase ativa e transição, seguida pelo período expulsivo e a dequitação. Cada fase tem características próprias e segue o ritmo único de cada parto.

Pródromos: a fase preliminar

Antes do trabalho de parto propriamente dito, a mulher pode passar pelos pródromos, fase de preparação com contrações irregulares que, em geral, não causam alterações no colo do útero. É importante distinguir essas contrações das de Braxton Hicks, que são indolores. Nos pródromos, a dor é semelhante a uma cólica menstrual e pode ser sentida no abdômen ou na lombar. Essas contrações irregulares e leves podem durar dias ou semanas. Entender essa fase ajuda a ajustar expectativas e manter a paciência enquanto o corpo se prepara para o trabalho de parto ativo.

Fase Latente

Nesta fase, as contrações começam a ganhar ritmo, embora ainda estejam espaçadas. Os intervalos entre elas podem variar, sendo de 15, 10 ou até 5 minutos.

Um outro sinal característico da fase latente é que as contrações se tornam mais longas, com duração média de 45 segundos. O tampão mucoso pode começar ou continuar a se desprender, e é comum que o intestino funcione de forma mais acelerada.

Durante a fase latente, o colo do útero dilata até cerca de 5 cm, e essa fase pode durar de 6 a 24 horas, dependendo do ritmo de cada parto. É comum dizer que este é o momento em que a gestante deve se acostumar gradualmente às contrações e à dor do parto. Embora ela ainda consiga conversar, essa fase exige mais concentração. Esse momento desconfortável pode fazer com que a mãe vá ao hospital várias vezes, sem a necessidade de internação, exigindo também controle emocional para lidar com a ansiedade e o ritmo do processo.

Focar na respiração e descobrir posições que aliviem a dor podem ser estratégias úteis. Desconectar-se do mundo externo, ouvir uma música relaxante e descansar também ajudam a manter a tranquilidade. Outra boa sugestão é fazer uma refeição completa, pois na fase ativa muitas gestantes tendem a perder o apetite.

Eis que chega ela, a tão esperada: a FASE ATIVA!

Esse é o momento do verdadeiro trabalho de parto, quando as contrações ficam mais ritmadas, ocorrendo a cada 3 minutos, com duração de 45 a 60 segundos, e se tornam mais intensas e dolorosas.

A fase ativa geralmente dura de 12 a 18 horas para mães de primeira viagem, sendo, em média, mais rápida nos partos subsequentes.

Ao perceber sinais como contrações ritmadas, perda de líquido amniótico, sangramento vaginal ou diminuição dos movimentos fetais, é o momento de se dirigir ao hospital. Nessa fase, mãe e bebê precisam ser acompanhados de forma segura e contínua, garantindo o bem-estar de ambos.

O atendimento inicial é realizado no Pronto-Atendimento Obstétrico (PA) do Hospital Santa Lucinda, que funciona em plantão permanente – 24 horas por dia, sete dias por semana. O serviço conta com obstetras e equipe de enfermagem especializada, prontos para acolher gestantes e parturientes em situações de urgência e emergência.

No PA Obstétrico, é feita uma avaliação completa da gestante/parturiente. São verificados o estado geral de saúde, pressão arterial, frequência cardíaca, altura uterina e batimentos cardíacos fetais. Além disso, é realizada a cardiotocografia, um exame fundamental que monitora as contrações uterinas e os batimentos do bebê, permitindo avaliar o bem-estar fetal e orientar a conduta clínica com segurança.

Esse cuidado inicial é essencial para definir o momento adequado de internação e garantir a melhor assistência possível ao parto, seja no Centro de Parto Normal ou na maternidade, de acordo com as condições maternas e fetais.

O profissional de assistência ao parto pode avaliar a condição do colo do útero durante o acompanhamento do trabalho de parto. Essa avaliação, entretanto, não deve ser realizada de forma rotineira, pois não determina exatamente quando o parto ocorrerá.

O colo uterino pode estar totalmente preparado (afinado e dilatado) e o trabalho de parto ainda demorar semanas para começar. Por outro lado, o colo pode estar aparentemente despreparado, e o bebê nascer em poucas horas.

A amnioscopia é um exame que avalia o líquido amniótico localizado entre a cabeça do bebê e o colo do útero. Não deve ser realizado de rotina. Ele é realizado introduzindo um aparelho (cilindro) na vagina, que utiliza uma fonte de luz para observar a coloração do líquido amniótico através da bolsa. Esse exame tem como objetivo verificar a presença de mecônio (substância presente no intestino do bebê que pode tingir o líquido de verde).

A interpretação dos Resultados - Líquido claro: Não garante que todo o líquido amniótico está livre de mecônio, já que a amostra analisada é apenas a parte inferior da bolsa. Líquido esverdeado: Nem sempre indica sofrimento fetal. A presença de mecônio, isoladamente, não está diretamente relacionada ao bem-estar ou mal-estar fetal.

Atualmente, parâmetros mais eficazes e não invasivos, como a cardiotocografia, são utilizados para avaliar o bem-estar fetal de maneira mais precisa e segura. Esses métodos permitem monitorar a frequência cardíaca do bebê e a atividade uterina, fornecendo informações fundamentais para a condução do parto.

Após o exame inicial, a parturiente e seu acompanhante são encaminhados para um dos quartos do Centro de parto normal. A futura mamãe deve ficar na posição em que se sentir mais confortável.

Durante essa fase, são utilizados diversos métodos não farmacológicos para alívio da dor, como chuveiro quente, bola de pilates, compressas, massagens, aromaterapia, música, mudanças de posição, técnicas de respiração e relaxamento, além de manter um ambiente com meia-luz.

É fundamental se manter hidratada e ingerir alimentos leves para conservar a energia. Se sentir muito cansaço, é possível deitar ou sentar para descansar por um tempo. Lembre-se: cada bebê tem seu ritmo de chegada, então não se apresse. Confie no processo.

Os batimentos cardíacos do bebê devem ser monitorados regularmente, e o progresso do trabalho de parto é registrado no partograma, permitindo detectar eventuais alterações que possam interferir na boa evolução do parto.

Chegamos, enfim, à fase mais desafiadora do parto: a TRANSIÇÃO.

Nesta etapa, as contrações se intensificam, ocorrem em intervalos de 2 minutos e duram cerca de 60 segundos.

Neste ponto, a dilatação do colo do útero atinge cerca de 8 cm, e a mulher começa a perceber uma mudança no padrão da dor. A dor intensa de contração dá lugar a uma pressão forte, muitas vezes acompanhada de uma sensação de necessidade de evacuar. Saber que essa mudança ocorre é importante para que a gestante não se desestabilize emocionalmente, já que essa nova sensação pode ser bastante avassaladora.

É comum que a bolsa se rompa durante essa fase, e a gestante também pode sentir ondas de calor intenso. O banho quente pode ser um excelente aliado neste momento, ajudando a relaxar e aliviar a tensão. Vocalizar também pode ser uma ferramenta eficaz para suportar as contrações.

Este é o momento de entrega total. Muitas mulheres entram no que é carinhosamente chamado de “partolândia”, um estado alterado de consciência desencadeado pela enxurrada de hormônios liberados pelo corpo. Nessa fase, é comum perder a noção de tempo e espaço, dizer coisas sem sentido e experimentar o que parece ser um "vazio no qual não se pensa, somente se sente; uma percepção de que se está em outro lugar, sem saber quem está por perto", além de, às vezes, ficar um pouco irritada.

A boa notícia é que a fase de transição geralmente dura entre 50 minutos e 2 horas. Essa conexão profunda consigo mesma, mesmo em meio à confusão dos sentidos, mantém viva a força transformadora que conduz para a próxima e última etapa do parto. É essa força final que impulsiona o nascimento do bebê.

Respirar e seguir!

Finalmente, chegou a hora de se preparar para conhecer seu bebê! Na fase EXPULSIVA, a mulher atinge os 10 cm de dilatação e sente uma forte vontade de fazer força.

Não é incomum que as contrações fiquem mais espaçadas neste momento. A natureza, com sua sabedoria, proporciona esse intervalo como um momento de descanso, permitindo que a mulher recupere um pouco de energia.

Não há necessidade de apressar o processo. Para você e para o bebê, é benéfico que o expulsivo ocorra de maneira gradual. A duração pode variar conforme a experiência da mulher: para as mães de primeira viagem, o tempo médio é de até 3 horas; para aquelas que já deram à luz antes, pode durar entre 15 e 45 minutos.

Escolha a posição em que se sentir mais confortável — siga seus instintos. Às vezes, a posição preferida pela gestante pode parecer incomum para a equipe, mas cada mulher se movimenta de forma única durante o parto, e a escolha da posição deve ser livre.

Após algum tempo fazendo força, chegamos à fase do coroamento, quando a equipe começa a ver a cabecinha do bebê. É importante estar ciente de que, nesse momento, pode haver uma sensação de ardor intenso no períneo, conhecida como "círculo de fogo". O bebê não nasce de uma vez; ele realiza um movimento de vai e vem, que ajuda a amaciar o períneo e pode evitar lacerações. Respirar profundamente e vocalizar pode ser muito útil, e se sentir vontade de gritar, faça isso livremente.

Logo a cabeça do bebê sairá, e na próxima contração, o restante do corpinho. Esse é, geralmente, um momento de grande alívio e emoção. É hora de sentir o calor e o contato com seu bebê, celebrando esse encontro tão esperado!

Se você pensava que o parto termina quando o bebê nasce, saiba que ainda há um último momento: a SAÍDA DA PLACENTA.

É importante manter o clima de calma e tranquilidade que se estabeleceu durante o trabalho de parto. Para que a placenta seja expulsa de forma natural, o corpo da mulher precisa continuar produzindo ocitocina. No entanto, muitas vezes, os acompanhantes ou até mesmo os profissionais se esquecem desse detalhe imprescindível.

É fundamental que a mãe tenha um longo período de contato pele a pele com o bebê logo após o nascimento, e que a amamentação seja incentivada o quanto antes. Quanto mais o bebê mamar, mais hormônios serão liberados, facilitando a saída da placenta e controle de hemorragia.

A primeira hora de vida do bebê é tão importante para o seu desenvolvimento futuro que é chamada de “Golden Hour” ou "Hora Dourada". Durante esse período, o contato pele a pele deve ser iniciado o mais cedo possível. É importante a humanização do nascimento, ou seja, o bebê ter respeitado a adaptação extrauterina, que é realizada em alguns minutos, por isso o clampeamento tardio do cordão umbilical (até 3 minutos), pois segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse contato imediato não só facilita a amamentação, como também reduz a mortalidade neonatal e traz inúmeros benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê.

A parturiente pode sentir cólicas e, em alguns casos, vontade de fazer força, mas não se preocupe: essa fase raramente provoca dores intensas. É muito importante que a placenta não seja puxada, pois isso pode aumentar o risco de hemorragia e de que restos placentários permaneçam no útero. Após a saída da placenta, a equipe fará uma avaliação do períneo e, com isso, encerramos o processo.

Vale lembrar que nem todas as mulheres passam por todas as fases do trabalho de parto, e cada parto é único. Estar bem informada é valioso, mas confiar no seu corpo e se entregar ao processo natural faz toda a diferença!

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